O enredo estrelado pelo goleiro Bruno, do Flamengo, é a mais recente novela que as televisões, rádios e jornais elegeram comumente para gerar picos de audiência. Não que deixe de me comover com o crime bárbaro que aparentemente ocorreu, mas me decepciona observar que o combustível da atuação dedicada e criteriosa das polícias é a espetacularização do crime, tal como ocorreu com nossa última prosopopéia de perversidade, o caso Isabela Nardoni.
Mesmo entendendo que um crime cometido por alguém célebre tem, naturalmente, mais notoriedade do que o cometido pelo “cidadão comum”, é preciso questionar por que nem sequer o conjunto desses crimes anônimos, que geram os números absurdos da criminalidade brasileira, possuem a atenção novelesca que o caso Bruno ora nos demonstra.
Publicada uma pesquisa onde o número de homicídios no Brasil é dezenas de vezes maior do que em outros países, uma pequena nota é dispensada, poucos segundos são dedicados à perversidade anunciada. As mortes dos que não têm visibilidade não são consideradas, tornam-se meros números, sem o sentimento de horror que permeia o caso em questão.
Sim, é injustificável o crime que aparentemente foi cometido pelo goleiro e seus asseclas. O jogadores de futebol não são profissionais comuns, são exemplos que milhares de jovens seguem, trajetórias observadas e acompanhadas como a ideal a se alcançar – principalmente pelos meninos, comprovadamente mais vítimas do envolvimento com o crime do que as meninas. O futebol e seus exemplos já salvaram muitos homens feitos, que nem chegaram a ser jogadores, do mundo do crime.
Bruno, que já fez apologia pública à violência contra a mulher, mostrou-se irresponsável com sua biografia e com os que o seguiam. Um fato tão lamentável quanto o descaso nosso com as demais irresponsabilidades que, dia após dia, atingem as vidas em nosso país.
fonte: abordagem policial
fonte: abordagem policial
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